A Associação Memória das Migrações, presidida pelo conhecido emigrante fafense Parcídio Peixoto, levou a efeito no Consulado Geral de Portugal em Paris (França), na tarde do passado dia 1 de Junho, uma conferência intitulada “Memória das Migrações”.
O evento juntou na Sala Eça de Queirós largas dezenas de emigrantes portugueses (e fafenses), dirigentes associativos e responsáveis políticos das comunidades portuguesas.
Depois das boas vindas do Cônsul Geral de Portugal, António A. Moniz, que aludiu aos protocolos do Consulado relacionados com as migrações, Parcídio Peixoto apresentou a Associação que dirige e as mudanças que decidiram introduzir no seu funcionamento.
“A experiência migratória não é uma realidade própria da nossa era, foi desde o início da história da humanidade algo que se praticou, que se viveu. Memórias são experiências, são factos vividos, conservados, guardados, preservados em mente e outros suportes materiais, para mais tarde lembrar, relembrar, contar, comunicar, principalmente transmitir. Conservar e transmitir memórias, ou seja, factos passados, é contributo importante de todos nós para que se possa compreender e escrever a história de um povo, de um país, da humanidade: a nossa História” - sublinhou Parcídio Peixoto.
A Conferência começou com a intervenção de Felícia Glória da Assunção Pailleux, 91 anos, presidente da Associação Liga dos Antigos Combatentes de Lillers, que falou da sua experiência de filha de um soldado do Corpo Expedicionário Português que combateu no norte de França durante a I Guerra Mundial, João Manuel Assunção.
A socióloga Maria Beatriz Rocha-Trindade, a maior autoridade nacional na temática das migrações, abordou longamente os seus vastos conhecimentos sobre a história da emigração dos portugueses pelo mundo e concretamente sobre os Museus da Emigração que existem em Portugal (entre os quais o de Fafe) e no estrangeiro.
Gérald Bloncourt, o fotojornalista franco-haitiano que melhor retratou a saga dos emigrantes portugueses para França nos anos de 1960 e 1970, não pode estar presente, devido a um delicado problema de saúde de última hora.
Coube ainda ao Director do Museu das Migrações e das Comunidades, sediado em Fafe, Artur Ferreira Coimbra, representar esta instituição e o município em Paris. Aquele responsável historiou o surgimento do Museu, em 2001, abordou as suas actividades, falou das suas propostas para a melhoria da instituição e expressou confiança para o futuro de um espaço de memória que Fafe e o país necessitam.
O deputado socialista Paulo Pisco explicou aos presentes o alcance da proposta que apresentou recentemente na Assembleia da República visando a criação de um Museu Nacional da Emigração, em Portugal, o qual se tem revelado controverso.
Relembra-se que a Associação Memória das Migrações foi criada para ajudar o Museu das Migrações na recolha de documentos e testemunhos dos portugueses que sairam de Portugal nos anos de 1960-70 e ainda continuam a deixar Portugal. Em Maio de 2013 foram assinados protocolos com o Consulado Geral de Portugal em Paris, o Museu das Migrações e das Comunidades e a Associação Memória das Migrações, no sentido da recolha de documentos, objectos e histórias de viuda ligados às migrações dos portugueses para França.
Como referiu Parcídio Peixoto, felicitando Fafe pela criação do Museu: “quando se fala na História da Emigração, fala-se de Fafe. Fafe fez o que o Governo ainda não foi capaz de realizar! Fafe está investido a honrar o seu nome, os seus Emigrantes e a sua História. O Museu é o local certo para que hoje, amanhã e depois se possa compreender os movimentos da Emigração, não só dos anos de 1960 mas no seu todo. O Museu é uma Instituição da Câmara, é a ela que cabe decidir do que pretende para o seu futuro”.
Fotografias: Município de Fafe
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