Núcleo de Artes e Letras presta homenagem a Mário Cláudio nos Encontros Literários de Fafe
- Armando César

- há 5 horas
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O Núcleo de Artes e Letras de Fafe levou a efeito no fim de semana a primeira edição da iniciativa “Salto – Encontros Literários de Fafe”, em torno dos temas “Memória, Viagem e Resistência”.
O ponto alto desta primeira edição do evento foi a homenagem prestada ao consagrado escritor Mário Cláudio, que começou por visitar uma exposição de rua com a fotobiografia do autor, em pleno centro da cidade.
No Salão Nobre do Teatro-Cinema, o tributo à obra literária do renomado romancista foi feito por académicos e estudiosos da sua obra multifacetada.
César Freitas, diretor da Escola Superior de Educação de Fafe e moderador do debate, traçou as linhas gerais da importância da obra de Mário Cláudio, no contexto da literatura portuguesa contemporânea.

Por seu turno, José Cândido Martins, da Universidade Católica Portuguesa, abordou a singularidade da escrita do mais recente livro do autor (Cruzeiros de Invernos, 2025), enquanto o académico José Carlos Seabra Pereira (Universidade de Coimbra), se debruçou sobre o tema “Ficção e dicção em Mário Cláudio - Virtudes e fronteiras fluidas do literário”.
Depois de aludir às suas ligações familiares com os Vieira de Castro de Fafe, o escritor sublinhou que a escrita é solidão: “escrever é estar só, é querer estar só, é gostar de estar só”. Uma ideia de sedentarismo perigoso e até enfadonho: “escrever é estar no mesmo lugar, embora possa estar naturalmente em vários lugares do mundo”.
O romancista acabou por revelar que terminou recentemente uma ficção sobre António Nobre, figura sobre quem já publicara alguns livros e que conclui uma trilogia sobre projetos de escrita acalentados por diversos autores e que não foram concretizados. Estão nessa linha Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.
Mário Cláudio referiu ainda que o Prémio Camões, que ainda lhe não foi atribuído, é “naturalmente desejável”, mas aproveitou para sublinhar que a maior injustiça cometida até agora foi não ter sido concedido a Vasco Graça Moura, já falecido, um dos maiores camonistas portugueses.
Terminadas as intervenções, o Presidente do Núcleo de Artes e Letras, Artur Coimbra, entregou a Mário Cláudio um troféu relativo ao evento e concebido expressamente para o efeito pelo artista fafense Carlos Santana, o que o escritor agradeceu calorosamente.
“É o nosso Prémio Camões e o nosso Nobel da Literatura para um autor maior da literatura portuguesa do último meio século” – sublinhou o responsável do Núcleo de Artes e Letras.
Os Encontros Literários de Fafe incluíram ainda apresentação da obra ficcional "Que a vida nos oiça", do cineasta e escritor Vicente Alves Do Ó, por Pompeu Miguel Martins, que considera “Um livro inquietante sobre a memória e a identidade”, bem como atividades na Escola Secundária de Fafe, apontamentos musicais (Fanfart) e de bailado (Escola Bailado de Fafe), culminando com a intervenção de autores locais, sobretudo com a leitura de poesia, pelos poetas Acácio Almeida, Letícia Mota, Pompeu Martins, Augusto Lemos, Tiago Gonçalves, Felisberto Machado, Artur Coimbra, Luís Aguiar e Patrícia Santos.

Texto: Artur Coimbra





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